sábado, 4 de outubro de 2014

Quais as características dos jovens da cibercultura?

Novos desafios




A CIBERCULTURA: Um novo processo ensino-aprendizagem ou o iletramento dos jovens?
Por Carlos Eduardo Batista dos Santos1
A inclusão dos jovens através da tecnologia da informação visa recriar estratégias democráticas que melhor se adéqüem ao desenvolvimento da cidadania. A inserção cultural através das redes de saberes proporcionadas pelo ambiente da informática é o que os estudiosos chamam de ciberespaço.
Essa inclusão pretende favorecer a implementação do uso das tecnologias da informação e comunicação no ensino, na pesquisa e na extensão. Busca a convergência de base tecnológica que possa permitir a criação de um extenso leque de aplicações de pressupostos da educação, da informação, da informática e da comunicação na construção de conteúdos educacionais.
Silvio Possenti nos mostra em seu texto, que algumas pessoas atacam a linguagem de internet muitas vezes sem conhecimento para tal, pois não se pode chamar esse procedimento de linguagem, mas sim de grafia, pôr tratar-se apenas de um mecanismo que os jovens encontraram para se comunicar com maior rapidez nos chats, blogs ou e-mails, ou seja, para Possenti o internetês não oferece qualquer risco à língua portuguesa, pois se trata apenas de um conjunto de soluções ortográficas.
Se contrapondo ao que diz Possenti, estudiosos das teorias educacionais defendem a análise do processo educativo e sua dimensão humana. A ação educativa é um processo de relações humanas, uma atividade de interação entre quem ensina e quem aprende, cujo vínculo é intencional, isto é, existe uma intenção de modificação de idéias e atitudes daqueles que aprendem pelos que ensinam.
Sob o ponto de vista psicológico, a educação, através da escola, visa ao desenvolvimento das potencialidades e capacidades do indivíduo, privilegiando o pólo individual em detrimento do social.
1 O autor é Oficial Superior da PMPB, Bacharel em Segurança Pública, Especialista em Segurança
Pública, Especialista em Gestão e Tecnologia Educacional pela Academia de Polícia Militar do Cabo Branco, aluno do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas na Administração Publica pela UEPB e Especializando em Segurança Publica e Direitos Humanos pela UFPB.
A educação, do ponto de vista sociológico, deve ser voltada à integração social do indivíduo. A escola teria como fim o social, tanto no que se refere à adaptação do indivíduo à sociedade quanto no sentido de sua transformação.
O homem se humaniza pelas relações que estabelece com o mundo e com os indivíduos num processo histórico e social.
Essas dimensões da natureza humana fundamentam as teorias educacionais com relação ao conteúdo, métodos de ensino, relação professor e aluno, objetivos educacionais, papel do professor e outros fatores.
No contexto educacional brasileiro, de acordo com diversos critérios, procura-se sistematizar as correntes pedagógicas a fim de se tornarem instrumentos de análise da prática educativa.
Assim, tentaremos desvendar se a cibercultura, mais especificamente a linguagem utilizada, principalmente, pelos jovens no ambiente da web, produz de saberes, habilidades, competências, valores, atitudes e comportamentos, mediatizados por essa nova tecnologia, aos freqüentam tais ambientes.
Essa nova forma de comunicar-se, criada e desenvolvida pelos internautas, destaca-se especialmente nas salas de bate-papo virtuais (chats), nos site de relacionamento, como o Orkut e nos programas de conservação como Microsoft Network Live Messenger (MSN).
Sem a pretensão de generalizar o assunto, esse trabalho tentará permitir a identificação de que o contexto ora apresentado possibilita um espaço de aprendizagens, mesmo com o descompromisso dos jovens com a norma culta. Pois cria um contexto cultural peculiar à linguagem de máquina, através das abreviaturas e gírias inerentes a cada tribo. O cultural é aqui entendido dentro de uma nova visão tecnológica, que perpassa todos os âmbitos sociais onde se fazem e refazem novas sociabilidades e identidades. Isso é feito respeitando-se pluralidades e singularidades, ou seja, propiciando um espaço de construção de saberes - aberto, autônomo, que tem a ver com o lúdico, o prazer, o subjetivo, a simulação.
Mediados pelas referidas salas e nas relações com seus pares, aqueles jovens dão sentido a essa estrutura outra, que é na instância do saber, forçosamente, tida como conhecimento. Tais características vão se estabelecer e justificar uma nova expressão curricular que não tem a ver com conhecimentos do currículo escolar, mas com um currículo dentro da cultura da tecnologia da comunicação e informação e, neste caso específico, surge o internetês.
Possenti apontou em seu texto que esse lastro de saberes constitui-se num currículo cultural juvenil. Portanto, a cibercultura é um espaço pedagógico que possibilita ferramentas para a construção de novas práticas de leitura, valorizando a criatividade, a afetividade, a interação e o crescimento grupal na perspectiva da formação de leitores.
Construíram-se diversas reflexões sobre a importância e o significado da
Leitura no processo educacional. Desta forma foi desenvolvida uma visão crítica dos processos da pedagogia da leitura e da sistemática atual, frente à evolução das tecnologias informacionais e o conseqüente surgimento da leitura digital
Para a outra corrente, a utilização das abreviações e gírias, decorrentes das salas de bate-papo advindas da internet, afeta diretamente na cultura e no letramento dos jovens.
Para essa linha de pensadores, os textos produzidos pelos jovens de hoje são de péssima qualidade. Entretanto, é sabido que toda unanimidade é “perigosa”, mas não podemos tomar esta afirmação como verdade. Alguns jovens produzem textos ruins, é certo, não por causa da internet, mas sim porque não possuem letramento adequado, o que os propiciaria condições culturais para que eles pudessem vir a redigir bons textos. Na opinião do Professor Adriano de León2 a linguagem da internet veio para ficar, isso é fato. Tal fenômeno deve-se às constantes modificações que têm havido em nossa linguagem cotidiana, proveniente das intervenções através das gírias e das palavras estrangeiras, que são apensadas em nosso vocabulário.
capacidade da escrita de parte dos alunos
Para o professor De León o internetês tem suas vantagens quando aplicado na linguagem da máquina, porém em sua experiência como professor acadêmico ele tem notado a utilização de certas abreviaturas características dos chats e das salas de bate-papo da internet, o que tem empobrecido de certo modo a
Assim sendo, concluímos que a utilização das tecnologias da informação e da comunicação pode ser uma ferramenta importante para motivar e dinamizar o desenvolvimento do processo de leitura. Para que isso ocorra é preciso, que
2 Doutor em Sociologia pela UFPE, Professor da Graduação e Pós-graduação em Sociologia e
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPB.
concepção pedagógica estabelecida viabilize sua utilização favorecendo uma relação eficiente e contemporânea com a educação.
Através de elementos da cibercultura é possível criar condições facilitadoras para a formação de leitores críticos e automotivados, sobretudo capazes de analisar e interpretar textos.
O multiculturalismo, a cultura escolar, os processos organizacionais e as relações institucionais em educação, quando comparados às relações de gênero, a educação mediada pelas tecnologias de informação e comunicação, são processos importantes para o desenvolvimento intelectual e cultural dos jovens. Contudo, devemos dispensar uma atenção especial caso haja a substituição da norma culta pelas gírias e abreviaturas do internetês, pois tal escrita funciona bem na linguagem da internet, não na produção de textos literários.
POSSENTI, Silvio. Você entende internetês?. In: Revista Discutindo Língua Portuguesa. Ano 1, n. 1, São Paulo: Escola Educacional, s/d, p. 28-3.


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